17 jul — 5 setExposiçãoArte
GeofiliaGØRVELLcom filme de Mariana Caló e Francisco Queimadela

Geofilia é um termo cunhado por Jeffrey Jerome Cohen, do livro «Stone: An Ecology of the Inhuman». O neologismo procura traduzir o amor à Natureza. Da raiz grega da palavra «geo» deriva «gaia», ou seja, «terra», à qual se junta «philia» que significa «amor». Por geofilia entende-se o âmbito de relação, que funda um elo harmónico, de amor pela terra, de modo a criar maior unidade entre interior e exterior do sujeito. 

Na nossa relação com os elementos naturais, é comum pensar-se nos minerais como substância rígida, sem fluidez. No entanto, Jeffrey Jerome Cohen consegue imprimir uma percepção nova ao expor os conceitos da geologia como realidade de "vastas durações,” de um “movimento lento e escala desumana". A pedra – nas palavras de Cohen – “empurra a história para extensões demasiado grandes para serem contidas por periodizações como clássico, medieval, pós-moderno. Esta, confronta-nos com uma outra temporalização da nossa própria natureza. O mineral, por exemplo, é de todas as idades, e nós como matéria orgânica, somos incluídos no seu tempo. 

A Gorvell é um coletivo interdisciplinar formado por artistas, arquitetos, artesãos unidos por uma força comum: a de estabelecer uma relação experimental com o território, materializando um pensamento livre que ative modos de viver em comunidade. Olhando com espanto para o conhecimento das práticas arcaicas e tradicionais - da construção à agricultura - a Gorvell atualiza o fascínio das matérias e da sua transformação. Em Pedra I/Stone I escrevem "o terreno é o lugar e a sua inteligência". Neste sentido, na Brotéria, a Gorvell faz dos espaços expositivos um lugar de imediatez da geofilia, convocando os sentidos numa experiência do corpo.

O trabalho sobre as matérias expressa uma conaturalidade entre o corpo e a realidade. No filme de Mariana Caló e Francisco Queimadela, Orgânica experimental (2023), são-nos apresentados os personagens que tomam o nome de «experimentalistas». Estas figuras encarnam de forma ficcional e utópica, a redução do hiato teórico-prático que culturalmente existe entre as forças da natureza e as do nosso ser, enquanto parte dela. 

Na Brotéria, a exposição Geofilia quer pensar a relação entre homem e natureza, entre o domínio e a pertença ao espaço da Criação, entre uma espécie e todas as outras espécies. Geofilia convoca a categoria amor, para explorar através da arquitetura e da arte contemporânea as continuidades entre mineral, biológico e humano. Desafia-nos a situarmo-nos criticamente nessa nossa ocupação do espaço-mundo. 


Fotografia: © Lara Jacinto


visita guiada + finissage
5 set
19h às 20h

 
EN
 

Geophilia is a neologism coined by Jeffrey Jerome Cohen in his book Stone: An Ecology of the Inhuman, seeking to describe a love of nature. The Greek root geo gives rise to gaia, meaning “earth,” and combines with philia, meaning “love”. Geophilia thus refers to a relational mode that establishes a harmonious bond of affection for the earth, fostering a deeper unity between one’s inner life and the outer world. 

In our relationship with the natural elements, minerals are often seen as rigid, inert substances, lacking in flow. Yet Cohen offers a renewed perspective, framing geology in terms of “vast durations,” of “slow movement and inhuman scale.” In his words, stone “pushes story into expanses too large to be contained by periodizations like 'classical,' 'medieval,' 'postmodern.'” It confronts us with another temporalisation of our own nature. Mineral matter, for instance, belongs to all ages; and we, as organic beings, are enfolded within its time.  

Gorvell is an interdisciplinary collective of artists, architects, and craftspeople brought together by a shared impulse: to establish an experimental relationship with the land, giving form to a free mode of thinking that activates new ways of living in community. With a sense of wonder, they turn to the knowledge embedded in archaic and traditional practices (from building to agriculture), reawakening a fascination with raw materials and their transformation. In Pedra I / Stone I, they write: “The terrain is the place and its intelligence.” At Brotéria, this idea takes shape as Gorvell transforms the exhibition space into a site of geophilic immediacy, where the senses are summoned to experience the body. 

The work with materials expresses a sense of conaturality between body and world. In Orgânica experimental (2023), a film by Mariana Caló and Francisco Queimadela, we are introduced to characters known as “experimentalists.” In a fictional and utopian way, these figures embody a closing of the theoretical-practical gap that has culturally separated the forces of nature from those of our own being, as if we were not, in fact, part of it. 

At Brotéria, the exhibition Geophilia explores the relationship between humans and nature, between dominion over and belonging to the space of Creation, between one species and all others. Geophilia invokes the category of love to examine, through architecture and contemporary art, the continuities between the mineral, the biological, and the human. As such, it challenges us to critically consider our occupation of the world-space. 

Guided tour + finissage
5 Sept
from 7pm to 8pm


Com o apoio
 Supported by 
logo_millenium 
Local: Brotéria